domingo, 21 de agosto de 2011

Conto da Semana - Death Smell

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Escrito por: Mario Barbosa – 21/08/2011

Estava escuro, minha respiração acelerada sinalizava meu cansaço, mas eu precisava chegar até ela. Era quase obsessiva minha dependência por aquela fragrância que se escondia tão profundamente naquela mata sombria e sem vida. Uma provação para chegar ao paraíso. Cada vez mais perto de meu destino, enfrentando os arbustos com seus espinhos secos que maltratavam minha pele, me fazendo sangrar, criando uma trilha de sangue que a terra prontamente absorvia faminta.

O fim do percurso estava próximo, a clareira onde ela se escondia já aparecia em meu campo de visão, as nuvens aos poucos iam se abrindo, limpando o céu, fazendo com que a lua enfim mostra-se sua face. A hora havia chegado, o desabroche aos poucos ia acontecendo. Me entreguei a terra, fechando meus olhos e deixando que o aroma penetrasse cada poro de meu corpo, ela fazia seu trabalho. Quanto mais a lua se mostrava, mais o aroma se fazia presente, quase que palpável.

Primeiro vinha o cheiro doce que lembrava a minha comida favorita, minha infância, o carinho de minha mãe, meu primeiro amor. Era como se naquele momento eu visitasse cada momento feliz da minha vida. Eram tantas nuances de felicidade, que me enlouquecia. Eu prendia minha respiração ao máximo para que a sensação durasse.

O cheiro foi tomando outra direção, uma espécie de desespero lentamente crescia dentro de mim, o doce que antes acalmava minha alma foi se tornando enjoativo, deixando meu corpo doente, me inundando com diferentes lembranças, a primeira rejeição, os machucados pelo corpo, sentimentos agridoces.

Por fim o cheiro da morte tomou conta de tudo e era essa a sensação que eu buscava. Me lembrava o sangue, mas era forte como enxofre, tinha toque das doenças mais terríveis e a frieza dos matadores.

Aquela era a essência da flor que só desabrochava a noite, a dama e era nos braços dela que eu entregava toda essência restante da minha vida.

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