quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vem ouvir o Myusic, GENTE!

Então galera para atingir um número maior de ouvintes, eu decidi a partir de hoje também colocar meu programa o Myusic que eu apresento todas as segundas as 17h na Radio Branime. Espero que vocês ouçam e me dêem um feedback! Tem o melhor do K-Pop, além de mim falando noticias do meio.

domingo, 21 de agosto de 2011

Conto da Semana - Death Smell

Technorati Marcas: ,,,

Escrito por: Mario Barbosa – 21/08/2011

Estava escuro, minha respiração acelerada sinalizava meu cansaço, mas eu precisava chegar até ela. Era quase obsessiva minha dependência por aquela fragrância que se escondia tão profundamente naquela mata sombria e sem vida. Uma provação para chegar ao paraíso. Cada vez mais perto de meu destino, enfrentando os arbustos com seus espinhos secos que maltratavam minha pele, me fazendo sangrar, criando uma trilha de sangue que a terra prontamente absorvia faminta.

O fim do percurso estava próximo, a clareira onde ela se escondia já aparecia em meu campo de visão, as nuvens aos poucos iam se abrindo, limpando o céu, fazendo com que a lua enfim mostra-se sua face. A hora havia chegado, o desabroche aos poucos ia acontecendo. Me entreguei a terra, fechando meus olhos e deixando que o aroma penetrasse cada poro de meu corpo, ela fazia seu trabalho. Quanto mais a lua se mostrava, mais o aroma se fazia presente, quase que palpável.

Primeiro vinha o cheiro doce que lembrava a minha comida favorita, minha infância, o carinho de minha mãe, meu primeiro amor. Era como se naquele momento eu visitasse cada momento feliz da minha vida. Eram tantas nuances de felicidade, que me enlouquecia. Eu prendia minha respiração ao máximo para que a sensação durasse.

O cheiro foi tomando outra direção, uma espécie de desespero lentamente crescia dentro de mim, o doce que antes acalmava minha alma foi se tornando enjoativo, deixando meu corpo doente, me inundando com diferentes lembranças, a primeira rejeição, os machucados pelo corpo, sentimentos agridoces.

Por fim o cheiro da morte tomou conta de tudo e era essa a sensação que eu buscava. Me lembrava o sangue, mas era forte como enxofre, tinha toque das doenças mais terríveis e a frieza dos matadores.

Aquela era a essência da flor que só desabrochava a noite, a dama e era nos braços dela que eu entregava toda essência restante da minha vida.

domingo, 14 de agosto de 2011

A valsa da Libertação

Escrito por: Mario Barbosa em 14/08/2011

Se puderem ler ouvindo a musica abaixo, fica bem melhor!

Era o baile de inverno no Castelo do Príncipe Vermont, todas as damas do reino foram convidadas, não foi diferente comigo. Minha família tinha posses e meus pais achavam que aquele evento em particular seria uma ótima oportunidade para arranjar um pretendente rico. Alguém que pudesse nos proporcionar mais status e quem sabe aumentar assim o nome e o legado dos meus. Eu sempre achei esses eventos chatos, nunca consegui entender qual era a diversão em ficar se exibindo e esperando fisgar um daqueles fidalgos engomadinhos e egocêntricos.

Mesmo tendo a obrigação em estar ali, não poderia deixar de negar que o salão de baile estava impecável, tudo muito bem iluminado e decorado, era primavera e as flores estavam espalhadas por todo o espaço, trazendo um aspecto jovial e fazendo com que um aroma doce pairasse no ar. As festas reais eram conhecidas por sua grandiosidade, mesas completamente cheias das melhores iguarias, artistas vindo de outros países para entreter os convidados, mas com certeza a melhor parte era a musica.

A orquestra real tinha fama de ser a melhor entre todos os reinos, o príncipe não economizava fundos para treinar seus músicos, produzindo sempre os melhores e mais ornamentados instrumentos, contratando sempre o melhor maestro, que treinava os integrantes até a exaustão. Os repertórios sempre iam de acordo com a época do ano ou o tema do baile, eram obras primas que enchiam os ouvidos com as mais belas melodias e que tinham o poder de me libertar, nem que por alguns instantes, da minha prisão diária.

Todos se dirigiram ao centro do salão e a baqueta do maestro se fez ecoar silenciando a todos, num leve movimento o primeiro acorde, radiante como um dia de verão, me acertou fazendo todo meu corpo vibrar. Lentamente fechei meus olhos e deixei me envolver pela melodia, que me lembrava à canção da minha velha caixinha de musica, tudo ao meu redor ia se dissipando, desaparecendo. O calor do sol se fazia cada vez mais forte, ao passo em que a musica ia crescendo e se tornando mais complexa a cada novo instrumento que era adicionado.

Não estava mais no salão, aquele era outro mundo, eu sentia a relva tocando os meus pés nus, sentia o vento brincando com meus cabelos e trazendo mais daquela divina melodia aos meus ouvidos, fazendo todo meu corpo se mover, criando uma coreografia única e divertida. Contagiados por toda a energia que exalava de mim, os seres mágicos que moravam na floresta, começaram a sair de seus esconderijos e se a juntar a mim. A melodia se tornou mais pesada, tambores anunciavam a chegada da chuva, o céu tornou-se nublado e as gotas começaram a molhar meu corpo, mas isso não fez minha dança parar, só deixou meus passos mais fortes na medida em que o cheiro da terra molhada invadia meus sentidos.

Rodopiando sem parar, eu ficava cada vez mais tonta, até que o cansaço fez meu corpo tombar na relva molhada, rindo alegremente os seres fantásticos brincavam com meus cabelos, fechei os olhos novamente, pedindo a deus para me deixar naquele mundo para sempre, enquanto a melodia se tornava cada vez mais fraca, era obvio que meu pedido não seria atendido.

O maestro fez um movimento brusco, e senti meu corpo sendo arrancando da floresta, enfiei minhas mãos na terra molhada, mais foi em vão, a realidade era mais forte, como um carcereiro que me trazia de volta para a carcaça que eu deixara, me trazendo de volta para o salão onde o chão de mármore frio me saudou com toda sua rigidez, o mundo real com suas grades e amarras.

Minha mãe puxou meu braço, conferindo meu vestido e se certificando de que eu estava impecável. Atravessando o salão, paramos perto da mesa de banquete, lá estava o homem que seria apresentado a mim, Lorde Bruiner, que devorava metade da comida que estava numa travessa, sem se importar com os olhares de nojo das pessoas ao seu redor. Seu rosto redondo e suado me trouxe asco e pude perceber claramente a lasciva que estava em seu olhar, ele era rico e meu destino tinha sido selado.

Beijando minha mão e marcando minha luva com a saliva, ele me dirigiu um galanteio que nem consegui ouvir. Se virando para a minha mãe, eles já discutiam quando poderia começar a me fazer a corte. Tudo acontecia rápido demais, mas não fiquei deprimida, porque lá no fundo eu sabia, que toda vez que aquela valsa fosse tocada, eu seria liberta da minha prisão e do meu destino cruel, nem que fosse por um pisca de acordes.

domingo, 7 de agosto de 2011

Daddy’s Little Girl

Escrito por: Mario Barbosa em 06/07/2011

Papai não ficaria orgulhoso de mim se me visse agora, repito esse pensamento incansavelmente enquanto fecho meus olhos e sinto a mão de Antonio Flores percorrendo meu corpo. Na verdade René, sim ele diz que chamá-lo de pai o envelhece, não ligaria.

Enquanto sou levada para cama, os toques de Antonio se tornam furiosos, muito parecidos ao que ele fez em seu piano, no concerto onde nos conhecemos. Eu com dezesseis anos já era dona de mim, ele com quarenta e cinco se deixava envolver pela beleza juvenil. Não foi difícil seduzi-lo, sexo sempre é uma boa arma, usaria dela para arrancar a historia daquele olhar tão único que me lembravam os olhos de René.

Entre beijos e gemidos, ele me fala de seu primeiro amor, diz que me pareço com ela. Isso me excita ao mesmo tempo em que me destrói. Eu sou a sobra de uma lembrança, um objeto que ele usa para reviver o passado. Pensado bem, eu até que gosto disso.

Ele me penetra gentilmente e com olhos fechados sussurra diversos elogios, fala como eu sou bonita, do meu cheiro e de como eu ajudei a escrever a sonata atlântica. Claro que isso não foi para mim, era com ela que ele transava.

Os movimentos se intensificam, neste momento nossas mentes se conectam e eu vislumbro sua infância, a morte de seus avô, a obrigação em aprender piano. Na explosão de gozo, ele grita Estela, ou seria Estrela? A musa inspiradora de suas obras, o amor de sua vida.

Meu corpo suado pende e eu cansaço toma conta de tudo, os olhos lentamente vão se fechando e ao olhar para Antonio vejo que ele me admira e aquela pessoa antes única, não me parece mais tão bela.

Adormeço ao som de algo que ele canta, uma melodia que lembra uma velha marchinha de carnaval, tudo vai ficando mais longe, mas ainda ouço o “Boa Noite, Estrela”.

E bizarramente me sinto acolhida, me sinto querida, me sinto a filhinha do papai ou seria a amante de René?